quinta-feira, 24 de julho de 2008

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TRAVESSIAS CARIOCAS tem algo de trânsito, de passagem, mas também de reconhecimento da alteridade. Não se trata de uma proposta estética a mais, que visa a sua razão de ser na generalidade ou na panorâmica, mas de uma mostra coletiva que potencializa esse aspecto de troca de poéticas, de autorias, e, ao mesmo tempo, reflete uma declaração de comunhão, de afinidades. Uma verdadeira mostra coletiva no sentido mais extenso da palavra, pois enfatiza a transversalidade estética, as comunicações profundas que existem, ou estão em andamento, entre alguns artistas cariocas de significativo percurso e reconhecimento, cujo território de ação e ponto de partida é o Rio de Janeiro, ainda que a internacionalidade seja a sua outra marca de identidade.

De fato, os 12 artistas reunidos aqui, Barrão, Brigida Baltar, Carlos Bevilacqua, Daisy Xavier, Eduardo Coimbra, Ernesto Neto, Fernanda Gomes, João Mode, Lívia Flores, Marcos Chaves, Raul Mourão, Tatiana Grinberg, quase pertencem a uma mesma geração. Em qualquer caso, somente com algumas pequenas diferenças de aparição, são artistas que desenvolvem seu trabalho em toda a sua dimensão a partir dos finais dos anos 80 e a década seguinte, no umbral do século XX e XXI. A sua contemporaneidade vem marcada pela pluralidade manifesta de horizontes, de suportes e registros. E esta transversalidade é uma parte significativa destas TRAVESSIAS CARIOCAS, de seu exemplo estético – de sua generosidade –, e, ao mesmo tempo, de sua construção e des-construção artística. A mostra coloca poéticas em movimento, fora do domínio completo ou fechado. É uma troca de poéticas e subjetividades. Exploração e especulação estética (sem ranço algum da semântica econômica!) que traduz uma obra aberta; outros caminhos que são, sobretudo, limítrofes.

Há, em TRAVESSIAS CARIOCAS, trabalhos que postulam diversas aproximações: diálogos, sintonias e permutações de signos das diferentes poéticas. Mas, especialmente, talvez haja duas vias preponderantes: aquela dos trabalhos assinados por vários artistas, fazendo algo comum e quase indivisível – às vezes numa tríade convergente –, ou inscrevendo-se numa seqüência que se auto-remete, e aquela que faz da re-leitura ou da aproximação a outra poética uma viagem (diálogo conceitual e formal) de ida e volta; sempre produzindo um certo moto-contínuo estético, pois os interesses dos artistas se deslocam e recebem olhares diferentes, se geram a partir de um local de enunciação compartilhado. Assim, as obras, os trabalhos estéticos, permutam cada vez mais seus signos e significados, são mais porosos, antenados com a cultura visual, o ambiente e o habitat ao qual pertencemos. Neste contexto, deve-se ver a significativa importância desta mostra constelativa sem eixo fixo, regedor – em que a própria curadoria é uma força de diálogo a mais, outro nexo, mais um fio-terra de interlocução –, e sim com pontos cardeais abertos, validados como verdades estéticas plurais, instigantes, quase reversíveis.

Adolfo Montejo Navas

Rio de Janeiro, julho de 2008

Bandeiras

Barrão,
Falamos das pinturas geométricas q remetem a sinalização urbana e dos cartões vermelho e amarelo mas tua opção pelas bandeiras também se aproxima da série de trabalhos que chamo de Fitografias. (Mostrei algumas na Lurixs ano passado e em Lisboa na 3+1). Antes de construí-las em fórmica faço colagens de fitas adesivas sobre papel mesmo.




E o encontro hoje? Vai rolar??